quarta-feira, 22 de setembro de 2010

ANTÔNIMOS


- É ela!

- É ele!

Pensaram mutuamente quando no meio do caminho se encontraram

E, apesar do pensamento recíproco, um ao outro nada disseram.

Ele lançou um olhar furtivo,

Ela sorriu timidamente.

Em seguida... Em seguida apenas caminharam.

Havia naquele olhar um não sei quê de ceticismo.

Havia naqueles lábios a confissão de crenças pueris.

Tão ele,

Tão ela,

Tão distantes.

Distância de passos.

Ausência de olhares que ousassem se confrontar,

De sorrisos corajosos para sorrir

E de uma voz que apenas indagasse:

- Quem é você?

Nós humanos criamos tantos abismos entre nós... Por quê?

Somos obrigados a manter nossa marcha constante?

Melhor me parece pararmos por alguns segundos.

Respiramos, enxergamos o outro e então prosseguimos,

Mas já não estaremos sozinhos.

Talvez existam poesias que se completam.

Talvez possamos n’algum dia buscar nosso reflexo em uma vidraça

E encontrarmos outra imagem ao lado da nossa.

Pouca importa se aquela poesia tem versos livres,

Enquanto eu amo a rima e a métrica.

Pouca importa se aquela imagem é côncava

Enquanto eu sou desde sempre convexa.

São os sinônimos que dão sentido as antíteses

- É ele!

- É ela!

Antônimos...

Nenhum comentário:

Postar um comentário